segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Da Palavra (In)Suficiente

Imagem tirada daqui

Admito que a palavra já não seja suficiente
para a alma que se quer gente.
Talvez tenha perdido a voz,
ou talvez se tenha perdido pelo caminho
no encalço da frequência da onda.
É impossível remar o vazio,
não há atrito de catapulta,
que permita combater a corrente do vício.
Perante a surdez do umbigo,
a palavra não carece de ser gasta
nem tão pouco de ser desperdiçada,
até porque,
o ruído engasgado do disco riscado
é por demais incomodativo 
ao ouvido mais “delicado”.
A palavra já não é suficiente
diz a gente que se entende boa gente.
E, quando não se basta,
a porta do Silêncio
é o Grito da morada mais acertada.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Dia(s) Comprido(s)

Mercuro B. Cotto
Sentou-se no sofá, fez “zapping”, levantou-se, deitou-se a ler um livro no terraço, fumou uns poucos de cigarros, fez uns quantos de carreiros pela casa. Mas que raio de dia comprido que nunca mais acaba!
Cansada de fugir e de se esconder atrás daquela ansiedade que a persegue, saiu em marcha acelerada em direcção à Marina do Freixo. Caminhou um pouco para anestesiar a alma e cansar o corpo, mas a brisa do fim de tarde estava fria e incentivou-a à entrada no bar para tomar uma bebida aquecida. Procurou o aconchego para o seu desassossego no chocolate negro e no cigarro, o seu amigo e fiel companheiro. Ali, na companhia do rio, da lua e de mais um punhado de gente desconhecida, enroscada no seu pensamento e consciente de que a vida lhe vai concedendo algumas nesgas de tempo, descobre que afinal, ainda não está totalmente disponível para si.