sexta-feira, 30 de novembro de 2018

magia matinal

30/11/2018 Cais Capelo Ivens - Marginal Ribeirinha de Vila Nova de Gaia

Sempre esperei ver-me à mercê da mudez,
não do encarceramento das palavras,
mas do emudecimento perante a beleza do momento.
Quero retribuir-me e não consigo,
de me ver assim,
intrincada num redemoinho de profundas emoções.
Hoje, deponho as palavras mais bonitas,
as que tenho guardado debaixo da pele,
nas asas de um Sonho meu.
Sonho que assim é,
e que assim deve permanecer, intacto,
imaculado no tempo e no espaço para nunca morrer,
enquanto memória minha
houver.



quarta-feira, 6 de junho de 2018

* we never be ashamed of our tears, for they are rain upon the blinding dust of earth, overlying our hard hearts

Sakura / Sayaka Maruyama

Título * Charles Dickens in Great Expectations

da dor
da tristeza
da autenticidade
da pureza
do desassossego
da mão que embala o berço
da fragilidade do ser
que incondicionalmente dá todo o seu bem-querer
o fogo frio trespassa o véu da pele até ao corpo da alma
que nem o fio de uma navalha afiada


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O Amor precisa de Sexo, já o Sexo não precisa de Amor

Imagem retirada daqui
Há muito tempo que não dou ares da minha graça, mas o nosso amigo Impontual aguçou-me a mente e os dedos com a sua publicação, “Quem dera que o amor fosse como o sexo”, pelo que, e em jeito de comentário expresso aqui a minha opinião sobre esta matéria.

Meu caro Impontual, esta publicação daria pano para fazer muitas colecções de primavera-verão, na medida que cada sujeito tem a sua opinião sobre o tema, Amor versus Sexo, e todas elas são válidas. E sabes? Ainda bem. Cada um é um ser único que sente este dois “afectos”, com implicação comportamental, de modo diferente.
Excluo obviamente deste universo a opinião impositiva dos Senhores da Sotaina que a favor dos beatos sacramentos obrigam os seus fiéis depositários ao cumprimento de regras fundamentalistas e utópicas com sabor a hipocrisia.
Mas adiante.
Ora o Amor precisa de Sexo, já o Sexo não precisa de Amor. Vivemos numa cultura monogâmica que nos foi incutida desde o berço em jeito de lavagem cerebral pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. E, é ao nível cerebral que toda a nossa percepção, sensitiva, emocional e afectiva é processada, e lá está, o corpo, o coração e razão nem sempre estão em sintonia perante esta dicotomia, Amor versus Sexo e Monogamia. Daí, o ciúme e o sentimento de posse tomarem conta da razão como instintos de defesa e de ataque, que em dose de austeridade desmedida destroem o tal afecto que denominas de Amor.
Em tempo escrevi que o Amor é um sentimento maior. Na sua essência é um afecto afectivo altruísta, não é um contrato comercial ou uma cobrança difícil. O amor não fere nem dói. O Amor é o que de melhor existe em cada um de nós. 

Ora, o Amor consagra, actos, atitudes, posturas e comportamentos que o ser humano não tem capacidade de garantir na íntegra ainda que o intente continuadamente. A meu ver sem grande sucesso. E com base neste meu princípio, digo que o Amor é um afecto etéreo, que só os Deuses têm capacidade de materializar. Não acredito que exista Um, ou o Deus, mas acredito nas qualidades extraordinárias de bem-querer que ainda assistem à humanidade que ficam à margem de qualquer credo religioso.
Agora, o Amor em sentido lato, é um sentimento maior que existe em todas as coisas com alma dentro, que alavanca e faz mover o mundo e que confere ao homem a capacidade de se fazer gente melhor.

Já o sexo é uma necessidade vital básica do ser humano, a libido que conduz à prática do acto sexual que pode ser feito com sentimento de comunhão afectiva ou sem ele, onde este acto em estado bruto tem como objectivo alimentar um vício ou saciar a necessidade básica do corpo em descarregar energia no auge do prazer, ou seja, um pecado aos olhos dos tementes servidores dos Senhores da Sotaina, de mente frágil e incendiada, independentemente desses doutos senhores pregarem o que não praticam.

Pois bem, cabe a cada um saber gerir estes dois tipos de registos, Amor versus Sexo, ora como um todo enquanto casal, ora de forma individual no seio do todo, onde o casal mantém em paralelo relações extra conjugais, ora de forma claramente individual na qualidade de solteiros e divorciados. Todas as situações são aceitáveis e válidas, desde que o balanço seja equilibrado e positivo para todos os sujeitos intervenientes no tipo de afecto praticado, onde terá que haver obviamente concertação, verdade, respeito e responsabilidade entre todas as partes. Mas isso já são outros valores que se levantam, que os Senhores da Batina pregam à viva voz de forma precária, privilegiando os direitos do ser de género masculino. Mais uma matéria que dá pano para fazer muitas colecções de inverno!

Impontual, queres dar o mote?

Por fim e em jeito de conclusão, afirmo que homem e a mulher precisam, na mesma medida e na mesma proporção, de afecto afectivo e de sexo para se sentirem seres vivos completos. Certo é que não há relações afectivas perfeitas, mas também não existem manuais de instrução, receitas ou conselhos de alguém ou de qualquer natureza, que nos ajudem a manobrar, de forma sensata e ponderada, estes dois motores vitais que sustentam a nossa condição humana, o Amor e o Sexo.