quarta-feira, 30 de outubro de 2013
domingo, 27 de outubro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Serviço Personalizado
Título: Girl With a Hat on the Road
Fotógrafo: Tatyana Tomsickova Photography
Colecção: Flickr Open
Olhou-se ao espelho, não gostou nada do que viu, suspirou, esboçou um sorriso vazio e sem mais demora resolveu deitar mão ao seu destino.
Após um banho, corpo refrescado, veste o vestido branco de linho fino cintado um dedo acima do joelho, calças as meias de liga e os sapatos de salto alto compensado. Maquilha-se, perfuma-se, coloca uma echarpe de seda sobre os ombros, e, antes de bater com a porta atrás de si, agacha-se, faz um afago no pelo do gato e murmura-lhe com meiguice na voz;
- Já, já e estou de volta, meu querido.
No cabeleireiro dá um trato geral das unhas ao cabelo, na sapataria pede uma caixa de sapatos vazia e na florista compra um “bouquet” de orquídeas.
De mão cheia pelo caminho cruza-se com uma vizinha;
- Olá vizinha, por aqui a esta hora?
- É verdade vizinha, e já estou atrasadíssima para encomendar o despacho de mais uma alma tonta e parva.
- Fui eu vizinha, fui eu!
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Não Dói
Título: Piano
Fotógrafo: Photo by Mike Lanzetta
Colecção: Flickr
Dói quebrar
a corrente,
cortar o fio,
partir o copo,
dói desatar o nó
desfeito.
Dói fazer de conta
que não contas,
que não existes,
que não fazes falta,
dói fazer de conta
que não dói.
E dói, e dói e dói.
E neste dói que não dói,
não me sei,
não me sinto,
não me resumo,
não me assumo,
mas também
não me resigno.
E só assim,
sei que não dói
fazendo mais
uma vez de conta
que te tenho,
bem perto de mim,
e que não estou nem aí,
para ti.
a corrente,
cortar o fio,
partir o copo,
dói desatar o nó
desfeito.
Dói fazer de conta
que não contas,
que não existes,
que não fazes falta,
dói fazer de conta
que não dói.
E dói, e dói e dói.
E neste dói que não dói,
não me sei,
não me sinto,
não me resumo,
não me assumo,
mas também
não me resigno.
E só assim,
sei que não dói
fazendo mais
uma vez de conta
que te tenho,
bem perto de mim,
e que não estou nem aí,
para ti.
domingo, 13 de outubro de 2013
Lágrimas de Cristal
Título: Seatears
Fotógrafo: Olena Chernenko
Colecção: Vetta
Não há nada, não houve nada, não haverá mais nada, e por muito que bata no cego, ele vai continuar de olho aberto a ver só o que quer ver. De olhos desfocados, alma tolhida, e ouvidos prenhos de nevoeiro não há o que lhe deixe entrar a melodia. A música do coração parou de tocar, gelou, caiu ao chão, pariu no céu um punhado de lágrimas de cristal, e quando chove não há mão que deite mão à mão do punhal. A alma está segura, aprisionada num barril de pólvora lacrado, mas o corpo, esse pobre coitado é o que mais sofre neste mar de sentimento, o querer que o fio do medo não deixa crescer, não deixa vingar e naturalmente não deixa condignamente morrer.
No porto sem-abrigo as ondas de tempestade em confronto rebentam no pontão, e neste marear, não há barco que aguente o trote entre dois gumes de vida bem afiados. Entre a parede e o abismo não há margem de manobra para a espada da vitória, no seu lugar ficará somente o gosto amargo da derrota inglória, e para todo o lado e qualquer lado que se vá, tudo dói, tudo fere, tudo mágoa, até o gesto mais simples como o de respirar.
sábado, 12 de outubro de 2013
Cagança Gratuita
Título: Middle Finger
Fotógrafo: Andreas Kermann
Colecção: Vetta
Ai os dedos,
essas putas de soalheiro
continuam a apontar,
a torto e a direito,
a todo vapor.
Cansam-me,
mas não me intimidam
com mindinhos de curto pavio,
decadentes
e a feder a bafio.
Sabem?
Pensam que tudo sabem,
e tudo julgam,
com muito pouco de tudo,
e com muito pouco de nada.
E aguçam e espetam,
ora insistem,
na morbidez caótica,
e continuam e aplaudem
em grande festa
a própria ignorância crónica.
Grandes palhaços,
essas putas de soalheiro
continuam a apontar,
a torto e a direito,
a todo vapor.
Cansam-me,
mas não me intimidam
com mindinhos de curto pavio,
decadentes
e a feder a bafio.
Sabem?
Pensam que tudo sabem,
e tudo julgam,
com muito pouco de tudo,
e com muito pouco de nada.
E aguçam e espetam,
ora insistem,
na morbidez caótica,
e continuam e aplaudem
em grande festa
a própria ignorância crónica.
Grandes palhaços,
os dedos, esses apontadores
de putas de soalheiro.
Força, continuem,
não se inibam,
Força, continuem,
não se inibam,
adoro ver
manifestações de cagança
gratuita.
Mas cuidado!
manifestações de cagança
gratuita.
Mas cuidado!
Deixem-me,
não se aproximem...
Quando irada,
mordo e deixo marca,
não se aproximem...
Quando irada,
mordo e deixo marca,
sanguinária.
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