segunda-feira, 28 de março de 2016

Para Castiel, com Amizade e Carinho

Imagem fornecida por Castiel

pétalas ao vento
sereia do rio
asas de anjo caído
casta fragilidade
embalada
pela triste lágrima
do doce violino

Trecho musical escolhido por Castiel

terça-feira, 22 de março de 2016

Escultura de Gente

Mercuro B. Cotto

Tenho o corpo
dormente.
Fez tanto frio
no tempo
que ele
já não me sente
a cabeça pesada,
a alma rasgada,
e o peito apertado
com vazios de nada.

Mas a minha mente,
mesmo (in)consciente,
denuncia
uma (es)cultura de gente
que se sente só
e carente.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Dos mantos a retalho à pele que há em mim

Mercuro B. Cotto























Dizem que as palavras falam.
Há quem diga que umas contam estórias,
outras rejubilam actos heróicos nos gritos da vitória,
e outras há, que calam histórias
no silêncio da memória.
Agora, tem dias que as minhas falas
são que nem um punhado de areia seca
sem fio de amarração.
Escorregam-se-me
por entre os dedos da mão
e caem por terra sem pé no chão.
Ainda assim, nos dias assim-assim,
lá me saltam algumas palavras da gaveta,
alinhavadas uma-a-uma,
nas entrelinhas da seda da minha teia.
E, os mantos a retalho lá se tecem,
ora doces, ora amargos
consoante os âmagos
que me despem.
Mas todos os modelos me vestem.
(mesmo os que se mostram
mais desajustados e fora de prazo).
Uns aconchegam-me
a palavra ao corpo da alma,
outros, no lugar do olhar, desenham-me
círculos com buracos vazios.
E mais há, aqueles modelitos mais coloridos,
que sobreaquecem o vício do desejo
por debaixo da pele;
que ora me desperta o travesseiro
do desassossego,
ora me confunde a rosa dos ventos.
Por fim, para além da pele que há em mim
ainda me sobrevive o rasto
de um rosto marcado pela desilusão,
qual armadura mascarada na palavra não (con)sentida.
A tal indumentária que me capa
o silêncio do grito agudo,
rasgado na ferida.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Da flor da paixão























Imagem tirada daqui

Sempre que a lua 
prenhe de ti
se vinha banhar à praia-mar,
conferia aquela nudez errante 
a imagem cénica 
de uma silhueta perfeita, 
esculpida nas ondas da areia.
Há quem diga que tal criatura 
se afigura figura fictícia
com olhar de mulher madura 
em semblante de menina.
Ficção ou talvez não,
quem a conhecia afirma, 
que a paixão 
todos os dias de lá vinha 
adormecer o dia no parapeito da noite
para namorar as estrelas.
Em boa verdade, 
quem bem a sentia
sabia que naquela vida 
não havia nenhuma outra janela 
que lhe concedesse 
tamanha alegria.
Agora, por acaso, alguém sabe 
quem se atreveu ao rubor 
que o seu corpo teceu?
Dizem que o segredo daquela flor
nenhum olhar alguma vez bebeu!