Mercuro B. Cotto |
Ele carrega na alma
a calma do fio
de uma navalha afiada;
abre caminho
por entre espinhos,
costas escarpadas,
e tendas de circo
como quem aconchega sonhos
de algodão doce
em noites de seda velada.
Guarda o tempo no bolso,
a noite e o dia ainda são crias pequeninas…
Lança as velas ao vento,
folhas de papel crepe colorido,
por um fio,
trilho transparente,
quiçá inexistente.
Qual navalha que lhe dá o corpo
que lhe dá a alma, que o faz gente,
sangue do meu sangue frio a ferro quente,
ventre que pare a dor de um filho,
mão guardiã,
porto do meu abrigo.