quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Enredos de Palco























Francesca Woodman

Não te agastes meu querido,
tudo aquilo foram meras manobras de diversão
que nos desviaram o ser
e a nossa essência de rectidão.
Foi na dança de marfim,
entre véus
e marionetas,
que o jogo de conquista
se perdeu a favor das peças espertas.
Nada nos enganou, nada nos feriu,
nada nos tolheu o discernimento e a razão
com iras desmedidas,
tamanhas foram as histórias,
as mentiras,
e as sedes loucas e famintas
que ficaram por beber.
E neste eterno perder
sente-se falta de ter à mão
o tempo que foi
antes do dia amanhecer.
Neste rigor quero-te,
mas não assim,
nesta parca existência de mim,
da qual me resto rasto do perfume do jasmim
que tens plantado no teu jardim.
Hoje demito-me do estrelato
deste enredo de palco,
e saio de olhar acima do meu nariz empinado,
dando como encerrado o primeiro capitulo do nosso livro
que ainda não se fez prova de escrito vivo.

14 comentários:

  1. um capítulo que se fecha para dar lugar a outro.:)
    Tive frio depois de te ler. Espero que estejas bem :)
    Fica um beijo e um abraço apertado

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    1. Estou bem sim, I.
      Beijo no teu beijo e abraço no teu abraço minha querida, e Obrigada pelo Carinho :)))

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  2. Querida poeta, que leio cada vez mais admirado.
    O poema e a foto são complementos exatos.
    Pode ser que há algum engano.... nem sempre o que parece ser uma farsa ou uma decepção se configuram ou se concretizam....
    Um novo capítulo poderá ser (re)escrito.... há histórias que se vislumbram lindas....
    Beijos admirados.

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    1. Obrigado moço simpático:)
      O importante é que todos os dias a nossa vida é reescrita. E a conquista é um acto que deve estar sempre presente, seja ela de que natureza for. Baixar os braços não é a opção correcta.
      Retribuo o carinho com muita amizade e estima.
      Fica um beijo para essa terra além mar.

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  3. Queria mostrar-te um poema antigo que fiz, nessa linha da separação. Chama-se "Liberdade".

    "Mostre-me a palma de tua mão.
    Nela, lerei o meu destino e não o teu!
    Mostre-me o céu de tua boca.
    E as estrelas de tua constelação
    Serão meu guia.

    Mostre-me teus olhos...
    Neles, posso ver o reflexo de minha alma!
    Mostre-me a lua cheia que se esconde sob tua pele,
    Iluminando-te a aura...
    Deslizo-me nela, como um rio deslizando-se em pedras lisas.

    Queria guardar-te a sete chaves
    Sete vezes setenta chaves
    Mas guardo apenas as palavras que saem de mim...
    És livre... tu possuis o dom inegável da liberdade!"

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    1. Obrigado pela tua linda partilha :))
      Já te disse que és um moço sensível, eis aqui a prova viva disso :)

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  4. As peças espertas traem-nos, as dúvidas persistem e o livro não se fecha!
    Belo o teu enredo de palco.
    Deixo um beijo Sandra.

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    1. Enredos, há deles que são tramados.
      Muito obrigada minha Amiga.
      Fica um beijo de volta e um abraço apertado :)

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  5. Que trama Sandra! Há enredos que nos absorvem mas ainda nos sobra lucidez...vá-lá! :))

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    1. O que era de nós se não fosse a nossa lucidez!
      Beijoca rapariga :)))

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  6. Adoro os enredos secundários das coisas e das pessoas...
    Um beijinho*

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    1. Por norma por detrás de cada enredo há sempre uma estória. Eu chamo-lhe às histórias mal resolvidas.
      Beijinho de volta em ti, Til :))

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  7. Guião para um "film noir", baseado numa BD a preto e branco. Aposto que não ganhou Óscar mas deve ter tido muitos figurantes.

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    1. O que não falta são figurantes, hoje em dia ninguém gosta de assumir o papel principal, desempenhar certos papéis não é tarefa fácil.
      Ultimamente as produções cinematográficas andam em baixo, muito por baixo mesmo, os enredos são muito previsíveis.

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