segunda-feira, 20 de abril de 2015

O estranho caso da chave saltitona – Capítulo XIV

Prólogo - Xilre
Capítulo I - Calma com o andor
Capítulo II - Dúvidas Cor de Rosa
Capítulo III - A Mais Picante
Capítulo IV - Mirone
Capítulo V - Pasme-se quem puder
Capítulo VI - A Uva Passa
Capítulo VII - Kiss and Make Up
Capítulo VIII - Amor Autista
Capítulo IX - Talqualmenteoutro 
Capítulo X - Linda Porca
Capítulo XI - Sister V
Capítulo XII - A elasticidade do tempo
Capítulo XIII – A vez da Maria

Capitulo XIV
























Título: Into the Light
Fotógrafo: Galeria de 5ERG10
Colecção: Flickr

Maria Eduarda sabia que aquela fugida de chave levada ao peito não podia ter lugar a despedida, pelo menos naquele dia.
Ela não quer só a chave, nem quer só a porta, ela quer o telhado, quer as paredes, as de dentro e as de fora, e também quer as janelas, aquelas de portadas exteriores abertas para o jardim, para o quintal, para as flores e para as árvores de fruto. Maria Eduarda em resumo quer a fechadura de um embrulho com tudo.
Sabe que o seu querer, carrega um peso que João Carlos poderá não ter capacidade, ou simplesmente, não querer comportar. À mercê daquela relíquia desde o momento que entregou o seu corpo ao jogo da sedução, Maria precisa de um porto seguro para dar guarida ao seu coração penhorado e à sua alma de menina frágil, já que o fogo da paixão, enquanto mulher segura, fez questão de o deixar bem acesso no corpo de João antes de decidir deitar mão à chave em busca da sua sorte.
Sabe que a saudade da ausência é a única arma que tem a seu favor para testar o sentir do homem que enverga aquela silhueta escultural de tez morena, semi-adormecida.
E de asa caída e coração apertado saiu, deixando atrás de si, debaixo da frincha da porta, um rasto de espectativa…que se pode vir a revelar perdida.

“Meu querido,

Quando deres por ti
o meu corpo 
não mais estará
presente aí contigo.
Mas…
Um dia quiçá,
amanhã ou talvez nunca,
irei colher uma lágrima tua
derramada na minha;
Nesse dia vou mergulhar
nos teus olhos rasos de água doce,
entregar-me nos teus braços,
e dar-te a remar
o meu amor para alto mar.

Até breve,
ou até nunca…

A tua

Maria Eduarda”

*(batata quente que me veio parar às mãos através da Maria Eu)