sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Maria (Des)nomeada

Francesca Woodman

Sou rosto corpo inteiro,
sou grão, sou areia,
sou filha
da lua-cheia.
Sou tempestade, e sou mar,
e sou grito por revelar.
E sou espelho e sou reflexo,
espectro
do vazio e do deserto.
E sou alma roubada,
pobre alma minha desassossegada,
flor daninha por quem sois 
de alma perdida.
Pena de asa negra desgarrada
de qual sorte fui parida
e a qual morte fui deixada,
só, triste e abandonada.
E sim, penso-te,
e sim, sinto-te,
e sim, respiro-te
mas sei que sem ti,
eu Maria, 
não me existo…