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Imagem retirada daqui |
Há muito tempo que não dou ares da minha graça, mas o
nosso amigo Impontual aguçou-me a mente e os dedos com a sua publicação, “Quem dera que o amor fosse como o sexo”, pelo que, e em jeito de comentário expresso
aqui a minha opinião sobre esta matéria.
Meu caro Impontual, esta publicação daria pano para
fazer muitas colecções de primavera-verão, na medida que cada sujeito tem a sua
opinião sobre o tema, Amor versus Sexo, e todas elas são válidas. E sabes?
Ainda bem. Cada um é um ser único que sente este dois “afectos”, com implicação comportamental, de modo diferente.
Excluo obviamente deste universo a opinião impositiva
dos Senhores da Sotaina que a favor dos beatos sacramentos obrigam os seus fiéis
depositários ao cumprimento de regras fundamentalistas e utópicas com sabor a
hipocrisia.
Mas adiante.
Ora o Amor precisa de Sexo, já o Sexo não precisa de
Amor. Vivemos numa cultura monogâmica que nos foi incutida desde o berço em
jeito de lavagem cerebral pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. E,
é ao nível cerebral que toda a nossa percepção, sensitiva, emocional e afectiva
é processada, e lá está, o corpo, o coração e razão nem sempre estão em
sintonia perante esta dicotomia, Amor versus Sexo e Monogamia. Daí, o ciúme e o
sentimento de posse tomarem conta da razão como instintos de defesa e de ataque,
que em dose de austeridade desmedida destroem o tal afecto que denominas de
Amor.
Em tempo escrevi que o Amor é um sentimento
maior. Na sua essência é um afecto afectivo altruísta, não é um contrato
comercial ou uma cobrança difícil. O amor não fere nem dói. O Amor é o que de
melhor existe em cada um de nós.
Ora, o Amor consagra, actos, atitudes, posturas e
comportamentos que o ser humano não tem capacidade de garantir na íntegra ainda
que o intente continuadamente. A meu ver sem grande sucesso. E com base neste
meu princípio, digo que o Amor é um afecto etéreo, que só os Deuses têm
capacidade de materializar. Não acredito que exista Um, ou o Deus, mas acredito
nas qualidades extraordinárias de bem-querer que ainda assistem à humanidade que
ficam à margem de qualquer credo religioso.
Agora, o Amor em sentido lato, é um sentimento
maior que existe em todas as coisas com alma dentro, que alavanca e faz mover o
mundo e que confere ao homem a capacidade de se fazer gente melhor.
Já o sexo é uma necessidade vital básica do ser
humano, a libido que conduz à prática do acto sexual que pode ser feito com
sentimento de comunhão afectiva ou sem ele, onde este acto em estado bruto tem
como objectivo alimentar um vício ou saciar a necessidade básica do corpo em
descarregar energia no auge do prazer, ou seja, um pecado aos olhos dos
tementes servidores dos Senhores da Sotaina, de mente frágil e incendiada, independentemente desses
doutos senhores pregarem o que não praticam.
Pois bem, cabe a cada um saber gerir estes dois tipos
de registos, Amor versus Sexo, ora como um todo enquanto casal, ora de forma
individual no seio do todo, onde o casal mantém em paralelo relações extra conjugais, ora de forma claramente individual na qualidade de solteiros e
divorciados. Todas as situações são aceitáveis e válidas, desde que o balanço
seja equilibrado e positivo para todos os sujeitos intervenientes no tipo de
afecto praticado, onde terá que haver obviamente concertação, verdade, respeito e
responsabilidade entre todas as partes. Mas isso já são outros valores que se
levantam, que os Senhores da Batina pregam à viva voz de forma precária, privilegiando
os direitos do ser de género masculino. Mais uma matéria que dá pano para fazer
muitas colecções de inverno!
Impontual, queres dar o mote?
Por fim e em jeito de conclusão, afirmo que homem e a mulher precisam, na mesma medida e na mesma proporção, de afecto
afectivo e de sexo para se sentirem seres vivos completos. Certo é que não há
relações afectivas perfeitas, mas também não existem manuais de instrução,
receitas ou conselhos de alguém ou de qualquer natureza, que nos ajudem a
manobrar, de forma sensata e ponderada, estes dois motores vitais que sustentam
a nossa condição humana, o Amor e o Sexo.