domingo, 1 de maio de 2016

E porque hoje também se grita a palavra Mãe!

O que posso dizer hoje sobre a minha mãe?!
Eu era a sua única filha, não éramos muito próximas, entre nós sempre houveram grandes conflitos de personalidade. Ela era uma mulher lindíssima, mas o que tinha de rara beleza, também o tinha em dose excessiva de austeridade militarista. Não era de sorriso fácil, nem oferecia grandes manifestações de amor e carinho. Mas no que tocava a formação e educação era rígida e não deixava por mão alheia aquilo que só a ela lhe competia. Ensinou-me o significado da liberdade e da consequente maior responsabilidade, assim como me empurrou para a aprendizagem compulsiva de que a vida tem que ser conquistada a pulso de trabalho e muita dedicação. Os meus pais sempre foram pessoas de posses, mas o supérfluo nunca me foi dado de mão beijada. Se o queria, tinha que o conquistar, deitando mão ao trabalho para o conseguir adquirir. Naquela altura, aquela postura de dureza crua feria-me profundamente. Recusava-me a concebê-la no meu entendimento. No entanto, hoje, só tenho que lhe agradecer tal rigidez de conduta. Formei-me, construí-me e constituí família à custa de muito trabalho, de muito esforço e de muita dedicação. Não devo nada a ninguém é um facto, mas sou de igual forma uma mulher de sorriso pouco fácil, herança antiga do matriarcado. Nem tudo nesta vida que dá fruto, se faz brotar rosa sem espinhos.
No tempo, herdei este legado de raiz sólida, que faço hoje por transmitir às minhas duas filhas, com alguns ajustamentos, obviamente; menos dose de austeridade, e mais algum do meu sorriso espontâneo ;)
Acho que é esse o papel de mãe, ensinar os filhos a trabalhar e a fertilizar a terra com vista a colher bons frutos. Eles nascem de nós, mas não são nossos, pertencem ao mundo.

9 comentários:

  1. Outros tempos...

    Beijos de mãe para mãe :)

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  2. Sandra, revejo-me em boa parte do que escreveste.

    Quanto a mim, nunca almejei ser a melhor mãe, nem sei exactamente o que o meu filho pensa sobre isto.
    Fui e sou a mãe possível. Já uma vez descarnei isto no meu espaço.

    Beijos!

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    1. Isabel, lembro-me perfeitamente dessa tua publicação.
      Já te terei dito que em muitas matérias as nossas opiniões convergem. No que toca à maternidade, eu sei que tu e eu apesar de não sermos o padrão de mãe ideal, somos as melhores mães para os nossos filhos.
      Obrigada Isabel :)
      Beijos.

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  3. As nossas mães deram-nos à luz, deram-nos a vida. Fizeram o melhor que sabiam e podiam. Mas o resto do trabalho de parto tem de ser feito por cada um de nós. E temos uma vida inteira para o fazer.

    Um beijinho, querida Sandra

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    1. É verdade sim Miss Smile, apesar de eu e a minha mãe, em muitos assuntos termos entrado em conflito por divergência de opinião, admito, tendo em consideração o seu especial feitio, que fez muito bem o seu papel de mãe.
      Adianto mais, foi graças aos nossos constantes conflitos, que cresci e aprendi a ter uma visão critica sobre o mundo que nos rodeia. Sem não fosse ela, hoje não seria o que sou, com algumas virtudes e alguns defeitos é certo. Acontece que dessa nossa relação, cresci muito estigmatizada no que toca ao universo dos afectos, (mecanismo de defesa que ergui contra ela, decorrente da sua incapacidade de se aproximar de mim e de me exteriorizar o seu amor e o seu carinho). Realidade esta que ainda hoje me sobrevive no dia-a-dia, e que tenho aprendido com a ajuda das minhas filhas e do meu marido a contrariar. Pode ser que um dia, esta minha armadura naturalmente se dilua.

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  4. na dor a gente cresce... e te ensinar a buscar e conquistar por tu mesma, creio que foi a melhor coisa que ela te deixou. parabéns, parabéns, parabéns.
    abraço carinho.

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  5. Ser mãe é o papel mais difícil que conheço.
    :)
    beijos

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  6. Na verdade
    nem propriedade nem proprietários

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