Enquanto
ele levantava a mesa, colocava os pratos, os copos e os talheres na bancada,
ela ia adiantando serviço, lavando a louça de costas voltadas à mesa da cozinha
onde tinham terminado o jantar.
(Apesar
de terem maquina de lavar louça, ela insiste em lavar a louça à mão, manias!)
Ora
continuando. Ainda lhes faltava tomar o café.
A
tirada do café ao fim das refeições, quando partilhadas em casa, entre outras
actividades caseiras, são sempre executadas por ele, não por imposição, mas
porque fora acontecendo no tempo de forma natural e espontânea. Ainda assim,
quantas vezes, cada um deles rezinga por entre os dentes, o reclamar por ter que
fazer todos os dias, sempre as mesmas tarefas domésticas que lhe são afectas.
- O café está na mesa. Acabas de lavar a louça ao fim.
Mas
ela como detesta deixar a meio o que tem em mãos, continuou a enxaguar
os últimos copos.
- Raça
de mulher! Não me adianta falar!
Ela
olhou para trás, deitou-lhe aquele olhar sorriso de desafio, e absteve-se de
comentar.
-Também
gosto muito de ti. Acrescentou ele em tom de resposta ao seu silêncio teimoso, que o incomoda de
sobremaneira. Ainda insatisfeito continuou a argumentar.
- E tu
sabes. Tu sabes bem que gosto muito de ti, mais até do que devia. Ás vezes, nem
metade merecias.
Ela
voltou-se, secou as mãos, sentou-se na mesa à frente dele, olhou-o nos olhos, e,
com toda a calma do mundo, rematou.
- Com
que então, nem metade mereço?! Olha cá, metade é muito pouco e o dobro também não me é
suficiente.
Ele
deu-lhe um sorriso franco, de quase vitória e remedou.
- O
que acabaste de dizer é tão bonito que tens que escrever.
"Et voila", foi o que, acabei de fazer.
O
café quando se bebeu ainda estava no ponto, apesar do mau tempo ;)
Olha Isabel, acho que casei bem as minhas palavras com esta musica linda :)