quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ghost Town

Guankan-jima (Japan): the forbidden Island
Fotografia retirada 
daqui

























O mote para debitar umas linhas de raciocínio escorreito, sequencial e ordenado até mostram vontade de se rebelarem contra o sifão mental entupido, mas o cansaço e a preguiça do corpo, tendem a querer levar-me a melhor.
É fácil de identificar o estado arredio do meu espírito, sem disposição para ocupar o parco tempo e o pensamento com os não assuntos que fazem a ordem do dia da urbe social.
A vida real é, por vezes, ou quase sempre, dura e pesada. Está à vista para quem a quiser ver com olhos de ver, no entanto quando enfrentada, como quem atreve os cornos de um touro bravo ou mete os dedos na ferida, oferece-se perante nós numa caixa de chocolates sortidos agridoces. Nunca se tem presente o resultado a curto prazo, nem a indumentária de gala que a traja, mas a imagem panorâmica que se tem sobre o mapa, captada ao radar de uma ave de rapina, permite-nos a capacidade da antever e desenvolver estratégias de reacção e defesa. Mas será esta uma boa estratégia? Nos dias correntes, já nem sei!
Entretanto, a dureza dos seus componentes físicos e químicos tem dado corpo à minha rotina nos últimos tempos. O tempo contado ao milímetro não permite o correcto desempenho da junta de dilatação, nem a renovação de ar ventilado, e, o desgaste das engrenagens não se compadece com desperdícios de energia que se impõe necessários para dar repouso ao corpo.
É imperativo descobrir a forma de como dar folga às costas em proveito próprio. O estendal afectivo já não comporta o peso de uma alma roubada, calejada e endurecida, que perdeu a motivação para sonhar…
Mas todo este relambório, denso e massudo, que depois de espremido não lhe sai pingo de sumo, foi despoletado por conta de um vídeo de música que despertou a minha atenção num momento de pausa kit-kat na companhia da minha filha caçoula. Deixei-me envolver pelo ritmo e pela beleza dos corpos jovens e enérgicos que acompanham a música em movimentos livres, espontâneos e sensuais. Deu-se em mim um click. Afinal aqui ainda mora vontade. Afinal é possível superar este estado de cegueira catatónica. Basta sacudir as asas, fazer log out, e entrar em modo de navegação automático.