terça-feira, 24 de setembro de 2013

Gaiola

Titulo: Litle Cage
Fotógrafo: Irene Miravete
Colecção: Flickr

Tem dias que apetece rasgar
o silêncio

que cala a voz do coração e da alma.
Tem dias que essas palavras mudas
não consentem o que sentem.
Sufocam,
matando lentamente
em dolorosas prestações.
Hoje, não sei se foi um acto de coragem,
ou a causa perdida de um ataque de euforia,
só sei que vomitei a esgana,
baixei a guarda,
lavei a alma

e banhei-te nas lágrimas do meu amor.
Sei que quebrei,
que fiquei de alma exposta,
mas não faz mal, não importa,
já tenho a mala pronta e posta à porta.
O peito apertava em demasia,
para calar o que só a mim devia.
E não te ofereço,

nem te dou o que já te pertence,
o meu amor de adolescente.
Ao de leve como uma pena

deixo a minha gaiola em cima do teu piano,
e saio de cena de assobio ao lado,
trauteando alegremente o Fado do Disco Riscado.
Desculpa meu querido se te deixo este fardo,
mas se te for muito pesado,

joga fora a chave da portinhola.