quarta-feira, 13 de abril de 2016

Da elasticidade da máquina afectiva

Olivia Bee, by Flickr
























Sabemos bem o que não deve ser feito.
Qual silêncio sobreposto,
qual grito aflito,
qual olhar imperfeito!
Coração que sente
não define conceito,
nem se exprime como mente.
A própria razão
desconhece a razão do seu próprio ente.
Coração que é alma de gente,
sempre se revela e sempre desmente
o que a palavra cala e não lhe consente.
E agora? Quando o consentimento da palavra
não lhe for bastante e suficiente?
Deixar-nos-emos esvair por entre os dedos,
na hora do acerto dos ponteiros,
anichando de forma assistida
ao conforto da cobardia?
Ou será que nos permitiremos enfrentar
como se alguém nos espetasse o dedo na ferida,
garantindo a coragem do ser grão
enquanto a vida nos respira?

8 comentários:

  1. Acho que nenhuma palavra consegue desmentir o que o coração sente.

    Beijinho

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  2. Os ponteiros marcam as horas indistintamente.

    Boa noite, Sandra Louçano

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  3. "Deixar-nos-emos esvair por entre os dedos,
    na hora do acerto dos ponteiros,
    anichando de forma assistida
    ao conforto da cobardia?" Obrigado pelo esticão...mesmo!
    Cumprimentos...fabuloso e sem cobardias

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  4. "Sabemos bem o que não deve ser feito". Claro que sabemos mas o coração tem vontade própria.
    :)
    Gostei muito do teu texto Sandra.
    Beijos grandes

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  5. Sandra, nem sempre nos permitimos enfrentar... oferecemos resistência, muitas vezes sem termos consciência.
    Para além de ter apreciado a força das tuas palavras, gostei muito da foto.
    Beijos

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  6. A entrega não se faz de esforço. A entrega faz-se de liberdade e intuição, não de vontades. E o coração sabe disso. Às vezes, é preciso escutá-lo.

    Um beijinho, querida Sandra

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  7. O medo, por vezes, impede o coração de reagir. Não deixes, Sandra. E se em vez de cair, voares? :)

    Deixo-te um beijo, assim do tamanho do mundo. :)

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  8. Relógios de pêndulo

    nos mastros mais altos

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