Mercuro B. Cotto |
Sentou-se no sofá, fez “zapping”, levantou-se, deitou-se a ler um livro no terraço, fumou
uns poucos de cigarros, fez uns quantos de carreiros pela casa. Mas que raio de
dia comprido que nunca mais acaba!
Cansada de fugir e de se esconder atrás daquela
ansiedade que a persegue, saiu em marcha acelerada em direcção à Marina do
Freixo. Caminhou um pouco para anestesiar a alma e cansar o corpo, mas a brisa do
fim de tarde estava fria e incentivou-a à entrada no bar para tomar uma bebida
aquecida. Procurou o aconchego para o seu desassossego no chocolate negro e no
cigarro, o seu amigo e fiel companheiro. Ali, na companhia do rio, da lua e de
mais um punhado de gente desconhecida, enroscada no seu pensamento
e consciente de que a vida lhe vai concedendo algumas nesgas de tempo, descobre
que afinal, ainda não está totalmente disponível para si.