Ella sentia-se desgastada pelo vazio que a invadia de dia para dia, e o mais absurdo, é que não entendia o motivo por se sentir assim daquela forma, alienada a tudo que a rodeava. Tudo na sua vida corria com naturalidade e tranquilidade, não havia motivo aparente para tanta apatia e frustração.
Fustigada pelo pesar que já se prolongava no tempo, resolveu pôr pausa no seu trabalho e foi apanhar ar num passeio à beira mar. Caminhava de frente para o vento na esperança que ele lhe levasse aquele fado pesado, mas nem o vento a pode ajudar. Já começava a sentir-se endoidecer sem saber o porquê daquilo lhe estar a acontecer.
- Porquê?
- Porquê?
Questionava-se vezes sem conta…mas a pergunta era muda e o ouvido era surdo, e mais uma vez lhe sai um triste nada da alma.
A ânsia e o desespero precipitam uma lágrima, que mesmo contida, desliza pelo rosto d’Ella. Desolada, foi à carteira e tirou um lenço de papel para limpar o rosto e assoar o nariz. Aí reparou no maço de tabaco que tinha na carteira. Tinha-o colocado ali por engano, pensou Ella, o vício que esconde religiosamente na gaveta do armário do trabalho, não era suposto ser posto a descoberto. Esboçou então um sorriso, pois já não se sentia sozinha a curtir aquela mossa.
Sentou-se num banco da marginal, puxa de um cigarro, acende-o e saboreia aquele breve momento de serenidade. A tranquilidade daquele instante despoletado pelo prazer de fumar um simples cigarro…Um cigarro, um cigarro, um cigarro…E, de repente, o cigarro está a ser partilhado na janela daquele quarto com vista sobre o mar…
Fez-se luz, o duelo veio à tona. Deu-se conta do naufrágio em que se encontrava…Está afogada numa memória que tinha cristalizado à força na sua mente…Recua no tempo...
Já se contam dois meses desde que Ella e Elle se haviam visto naquele curto-circuito de fogo cruzado. Um circuito estritamente fechado, onde o fogo, embora curto, tinha sido muitíssimo bem cruzado. O silêncio e a escuridão imperara entre Elles desde então. E bate bem fundo a saudade d’Elle n’Ella. O vazio que Ella sentia voltou mais denso e agora consciente. Estava a ressacar…
- Como era possível aquilo estar a acontecer?
O tempo tinha clareado as lembranças que Ella queria ter esquecido. Mas a droga é forte e poderosa, e o vício já está entranhado no corpo. A vontade de voltar ao duelo daquele fogo cruzado é grande…Ruboriza com a enrorme vontade de O voltar a tentar…
- Mas como?
- Vou-lhe ligar!
- O pior que pode acontecer é Elle não atender!
Ella ligou e Elle atendeu e atendeu…
Duas vidas, dois destinos, dois rumos oposto, dupla cumplicidade, uma única vontade.
Matar aquela insana Saudade!
Fustigada pelo pesar que já se prolongava no tempo, resolveu pôr pausa no seu trabalho e foi apanhar ar num passeio à beira mar. Caminhava de frente para o vento na esperança que ele lhe levasse aquele fado pesado, mas nem o vento a pode ajudar. Já começava a sentir-se endoidecer sem saber o porquê daquilo lhe estar a acontecer.
- Porquê?
- Porquê?
Questionava-se vezes sem conta…mas a pergunta era muda e o ouvido era surdo, e mais uma vez lhe sai um triste nada da alma.
A ânsia e o desespero precipitam uma lágrima, que mesmo contida, desliza pelo rosto d’Ella. Desolada, foi à carteira e tirou um lenço de papel para limpar o rosto e assoar o nariz. Aí reparou no maço de tabaco que tinha na carteira. Tinha-o colocado ali por engano, pensou Ella, o vício que esconde religiosamente na gaveta do armário do trabalho, não era suposto ser posto a descoberto. Esboçou então um sorriso, pois já não se sentia sozinha a curtir aquela mossa.
Sentou-se num banco da marginal, puxa de um cigarro, acende-o e saboreia aquele breve momento de serenidade. A tranquilidade daquele instante despoletado pelo prazer de fumar um simples cigarro…Um cigarro, um cigarro, um cigarro…E, de repente, o cigarro está a ser partilhado na janela daquele quarto com vista sobre o mar…
Fez-se luz, o duelo veio à tona. Deu-se conta do naufrágio em que se encontrava…Está afogada numa memória que tinha cristalizado à força na sua mente…Recua no tempo...
Já se contam dois meses desde que Ella e Elle se haviam visto naquele curto-circuito de fogo cruzado. Um circuito estritamente fechado, onde o fogo, embora curto, tinha sido muitíssimo bem cruzado. O silêncio e a escuridão imperara entre Elles desde então. E bate bem fundo a saudade d’Elle n’Ella. O vazio que Ella sentia voltou mais denso e agora consciente. Estava a ressacar…
- Como era possível aquilo estar a acontecer?
O tempo tinha clareado as lembranças que Ella queria ter esquecido. Mas a droga é forte e poderosa, e o vício já está entranhado no corpo. A vontade de voltar ao duelo daquele fogo cruzado é grande…Ruboriza com a enrorme vontade de O voltar a tentar…
- Mas como?
- Vou-lhe ligar!
- O pior que pode acontecer é Elle não atender!
Ella ligou e Elle atendeu e atendeu…
Duas vidas, dois destinos, dois rumos oposto, dupla cumplicidade, uma única vontade.
Matar aquela insana Saudade!
Sandra Louçano
"Shake the Disease" - Depeche Mode