sábado, 22 de dezembro de 2012

Fala-me com Amor














Título:Couple embracing covered in oil
Fotógrafo: Eryk FitKau
Colecção: Stone

Anda, vem!
Fala-me com amor,
falo de carinho
na concha do meu ninho.

Anda, vem!
Fala-me com amor,
falo de mansinho
no início do princípio.

Anda, vem e cala-te!
Fala-me com arte,
falo de vontade
com fome e fúria que farte.

Anda, vem-te!
Fala-me com amor,
falo de morte imensa e forte
no leito da minha sorte.


"I Fell You" - Depeche Mode

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Eu
















Título: Dancer in the color
Fotógrafo: Michael Hitoshi
Colecção: Taxi Japan

...sou uma cabeça de vento,
tenho ataques de amnésia a todo o tempo.
Não sei o meu nome.
Não sei quem sou,
donde venho, nem pra onde vou.
Só sei que sou o que gostas que eu te seja.
Quanto ao resto não lembro, 

já se fez muito tempo.



"Intro" - The XX

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Tango Argentino


Titulo: Tango Dancers
Fotógrafo: Kathryn MacDonald
Colecção: Workbook Stock

Vem...
Levanta o olhar
deita a asa
na graça da valsa,
e vamos voar.

Vem...
Aperta o espaço
do abraço,
adensa o traço
do compasso,
solta o ritmo felino,
dá-me um beijo
e um Tango Argentino.

Vem...
Inflama o meu desejo,
crava o dedo do empenho
no anseio
com que te desenho.


"Milonga de Amor" - GotanProject 

domingo, 14 de outubro de 2012

Um dia...





















Título: Boats beside stormy sea
Fotógrafo: My dream world
Colecção: Flickr

Um dia hei-de construir um barco feito de mil e um pedaço,
e aconchegar a travessia para o outro lado no leito do teu regaço.



"Pieces" - Red

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Manto de escuridão













Título: Homeless people with dog, huddled together at bottom of steps (b&w)
Fotógrafo: Penny Tweedie
Colecção: Stone

Não é preciso ser-se vidente ou mesmo muito inteligente para adivinhar o manto de escuridão que está na iminência de abater o nosso jardim à beira mar, hoje (re)plantado com urtigas e ervas daninhas. Pela primeira vez esta tela obscura tem vindo a ganhar terreno no meu pensamento, tem-me tirado o sono e conseguido inquietar-me a tranquilidade.
Já começa a estar em causa a dignidade humana do estado de toda a nação. As crianças já nascem condenadas à falência da sua própria existência e os velhos preteridos somente são queridos no aconchego do caixão. O resto do número vai perdendo o tecto e o pão pelo caminho até perder o norte e a razão em direcção ao abismo da destruição. São miseráveis! Como eu, como tu e como todos nós, que mais dia, menos dia farão parte deste número de dó crescente em via decadente.
E é para lá que caminha o estado da nação, para a fome generalizada e genocídio em grande escala.
O cenário não é agradável de imaginar, nem bonito de se ver, mas do jeito "quisto" vai, não tarda muito em acontecer.













Título: Destitute Sisters
Fotógrafo: Robert A. Pears
Colecção: Photodisc

É como diz o povo “Casa onde falta o pão, todos ralham e ninguém tem razão.”


"Home" - Depeche Mode

sábado, 29 de setembro de 2012

Poesia























Imagem de autor desconhecido

Hoje o dia é de agonia,
por muitas voltas que dê ao engenho,
nada flui em jeito escorreito.
É fácil compor rimas com tiras bonitas,
e ordenar palavras caras com regras eruditas.
É fácil dissecar a morte, o amor e a nostalgia.
Difícil porra!
Difícil é fazer poesia.
Poesia é magia, ilusão e fantasia.
São desconcertos do coração fiados ao corno da mão.
São sentires em contradição,
vontades em ebulição,
são desassossegos sem razão,
que chegam e que vão,
sem hora marcada ou qualquer explicação.
Mas que raio!
Porque é que a poesia tem que ter significado?
Onde reside então, a inspiração do seu mundo encantado?
Figura mítica ou talvez não,
poesia para mim é paixão.

 

"Lotus" - Secret Garden

sábado, 15 de setembro de 2012

Considerandos Afectivos

























Título: Rua da Fontainha - Vila Nova de Gaia
Fotografo: Sandra Louçano

Não gosto do aparato artificial formatado no culto da imagem do tudo igual.
Tudo igual à Barbie, tudo igual ao Ken, tudo igual ao pedigree mediático das páginas sociais.
Não sou aderente à moda do ultimo grito, gosto do meu eu natural e informal, não tenho vergonha das brancas rebeldes e espetadas do meu cabelo, nem das rugas que não escondem a idade que tenho...Não sinto, nem tenho necessidade de enganar a verdade...
Gosto de velharias e de coisas antigas, gosto de ruas escuras, estreitas e sem passeios, ladeadas por casas velhas e ruínas. Gosto de passear por estes museus afectivos em calçada de granito impregnados de história dos nossos antepassados.
Gosto de crianças e da terceira idade, lamento o homem que vendeu a dignidade por um punhado de trocados. Lamento por aquele que esqueceu o seu passado, roubou o presente e hipotecou o futuro e a sua identidade.
Não sou antiquada, nem tão pouco quadrada, um pouco fundamentalista talvez! Creio na mudança e na evolução, desde que contribuam para o aperfeiçoamento da espécie e para o correcto desenvolvimento da civilização. Será que os avanços tecnológicos e informáticos são uma mais valia para a destreza pensamental e inteligência do ser humano? Ou irão ser estes a ferramenta letal para o seu atrofiamento e envelhecimento, e, sob pena de ser extrema e radical, à condução da sua extinção? Mas certo é, e ainda que imprescindíveis para a humanidade, os avanços tecnológicos, assim como os medicamentos, também têm contra indicações e efeitos secundários.
Também sou anti acordos ortográficos... Sou aversa à mutilação da redacção do actual Português sem “C´s”, sem “P´s” e sem mais não sei o quê... Só sei que lá se foi a essência do se Ser “Pretuguês” , perdão, Português.


"New Age" - Marlon Roudette