domingo, 17 de janeiro de 2016

Dia(s) Comprido(s)

Mercuro B. Cotto
Sentou-se no sofá, fez “zapping”, levantou-se, deitou-se a ler um livro no terraço, fumou uns poucos de cigarros, fez uns quantos de carreiros pela casa. Mas que raio de dia comprido que nunca mais acaba!
Cansada de fugir e de se esconder atrás daquela ansiedade que a persegue, saiu em marcha acelerada em direcção à Marina do Freixo. Caminhou um pouco para anestesiar a alma e cansar o corpo, mas a brisa do fim de tarde estava fria e incentivou-a à entrada no bar para tomar uma bebida aquecida. Procurou o aconchego para o seu desassossego no chocolate negro e no cigarro, o seu amigo e fiel companheiro. Ali, na companhia do rio, da lua e de mais um punhado de gente desconhecida, enroscada no seu pensamento e consciente de que a vida lhe vai concedendo algumas nesgas de tempo, descobre que afinal, ainda não está totalmente disponível para si.