segunda-feira, 11 de maio de 2015

Das Viagens


























Mercuro B. Cotto

Quando as portas da alma
se abrem ao sorriso das estrelas,
às sedas da noite e ao agito dos dias,
nada mais há para escalpelizar,
e a palavra nada mais tem a acrescentar.
Só o sereno do tempo, 
a melodia do silêncio
e o mundo sensível, inteligível ao olhar
permanecerão vivos na memória
para além da incógnita silhueta
da morte.
(Que passe num sopro,
com mão branda e ligeira,
e me leve primeiro,
assim reza o meu desejo).
E o rosto de qual nome perpétuo 
entrega-se de corpo 
ao leito da terra e sai de cena...
E parte de "mala" aberta, a viagem 
para parte incerta,
deixando ficar para trás, 
acostado no cais da saudade, 
o batel do seu legado.

18 comentários:

  1. Leva-me, vento, para parte incerta, na companhia dos pássaros migratórios.

    Beijos, Sandra. :)

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    1. Um dia havemos de ser levadas sim, à boleia montadas nas asas de um pássaro migratório, e iremos sentir o mundo dentro do nosso ventre. Mas ainda não é o tempo, Maria, ainda não é o tempo...

      Beijinho Maria :)

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  2. Como a maresia é fresca, também este texto é fresco de poético
    .
    Deixo cumprimentos

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  3. Gostei de imaginar as portas da alma e o sorriso das estrelas. É um céu feito de sentires e de viagens interiores.
    Muito bonito Sandra .
    beijos e boa semana :)

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    1. A cada dia que passa sinto que a minha palavra se esgota, ouço-me ressoar num disco de vinil riscado. Por um lado não me importo que me vejam como um objecto obsoleto, por outro lado esse meu lado relicário é interpretado como uma patologia de anormalidade. E com isto quero dizer, que me tenho voltado nestes tempos mais recentes, para um lado mais introspectivo. Decisões importantes a serem tomadas avizinham-se, e quando respeitam aos nossos, há que dar o uso devido aos pratos da balança.
      Obrigada minha amiga e fica um beijinho grande.

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  4. "Quando as portas da alma
    se abrem ao sorriso das estrelas,
    às sedas da noite e ao agito dos dias" Para quem não for crente, como eu, resta-nos essa imagem idílica como único reconforto...

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    1. Para quem não for crente como Nós, resta essa visão idílica como único reconforto. E o legado, não esquecer que o legado é o nosso cartão de cidadão vitalício.
      Beijoca rapariga :)

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    2. As nossas madalenas de Proust...:)

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  5. Talvez a vida seja mais leve se a mala estiver aberta e o caminho for incerto :)
    Bjos Sandra

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    1. Não tenho dúvidas que são esses os requisitos certos para que a vida nos pese menos.
      Beijinho JT :)

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  6. O movimento das portas da alma, o mundo dos afectos, é o que creio fazer realmente a diferença nas nossas vidas.
    Muito bonito, Sandra.
    Beijos.

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    1. Isabel que alegria enorme ter-te aqui deste lado. Estou absolutamente de acordo, que o que faz a diferença nas nossa vidas são efetivamente os afectos, mas os genuínos.
      Fica um beijo com muita estima e amizade, e obrigada:)

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  7. Que tranquilidade senti quando te li Sandra.
    Muito bonito.
    Beijo:)

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    1. Obrigada minha Amiga, fizeste-me sorrir:)
      Fica um beijo com carinho e um xi coração apertado :)

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  8. Que depois de portas abertas
    Se responsabilizem pela saudade criada...
    Que não as fechem com pontos mal dados...
    E deixem apenas o sorrido de lembrança...

    Quest...

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    1. Aí reside a nossa maior responsabilidade, no legado que deixamos aos nossos.
      Obrigado Quest, gosto das tuas reflexões poéticas.

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  9. Não existe nada mais belo quando não estamos bem que a melodia do silêncio.... só esse barulho satisfaz as nossas reflexões
    .
    Deixo cumprimentos
    http://deliriosamoresexo.blogspot.pt/

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