segunda-feira, 11 de maio de 2015

Das Viagens


























Mercuro B. Cotto

Quando as portas da alma
se abrem ao sorriso das estrelas,
às sedas da noite e ao agito dos dias,
nada mais há para escalpelizar,
e a palavra nada mais tem a acrescentar.
Só o sereno do tempo, 
a melodia do silêncio
e o mundo sensível, inteligível ao olhar
permanecerão vivos na memória
para além da incógnita silhueta
da morte.
(Que passe num sopro,
com mão branda e ligeira,
e me leve primeiro,
assim reza o meu desejo).
E o rosto de qual nome perpétuo 
entrega-se de corpo 
ao leito da terra e sai de cena...
E parte de "mala" aberta, a viagem 
para parte incerta,
deixando ficar para trás, 
acostado no cais da saudade, 
o batel do seu legado.